domingo, 25 de setembro de 2011

Caminho Mariana x São sebastião

Alguns documentos apontam a existência de três caminhos que ligavam Mariana à freguesia de São Sebastião, primeiro povoado, depois de Mariana, seguindo Ribeirão do Carmo abaixo. Hoje, o local é conhecido por Ribeirão do Carmo, ou ainda, Bandeirantes. Um documento de 1719, o termo de medição da sesmaria da Vila, dá notícia de um caminha seguindo o ribeirão do Carmo. Já em 1752, em um novo termo de medição da mesma sesmaria, os medidores seguem um outro caminha para São sebastião. Este passando pela chachoeira do matadouro, depois da capela de Santana. Seguindo este caminho ganhava-se a alto da chapada, local onde haviam algumas casas em terrenos aforados à Câmara. Já no século XIX, esse mesmo caminho, chegando na chapada, tomava novo rumo, em direção ao morro do galego, chegando em Mariana pela praia do Santana e não pela cachoeira.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

São Caetanense Futebol Clube




SÃO CAETANENSE FUTEBOL CLUBE: 102 ANOS DE HISTÓRIA

Um bilhete encontrado por Luciano Nazaré de Almeida, historiador e um dos técnicos do Arquivo Geral da Prefeitura, quando realizava procedimentos de rotina em um livro de Registro de Protocolo da Prefeitura, revelou um dado importante sobre o são Caetanense Futebol Clube de Monsenhor Horta. Pode-se dizer que é um daqueles casos raros em que um simples bilhete manuscrito em uma folha de caderneta de anotações muda uma história. O conteúdo do bilhete é revelador em vários aspectos. A revelação mais importante é a de que o São Caetanense completará 102 anos no dia 7 de agosto de 2011. O fato chamou a atenção de Luciano que separou o documento, por não ter qualquer nexo com o livro onde estava para se fazer uma avaliação do documento.
Na avaliação, utilizei-me de instrumentos da Diplomática, ciência que confere autenticidade aos documentos. Aqui, os critérios observados foram o papel, a grafia, a ortografia e a informação expressa no conteúdo textual. Também foi considerado o local onde foi encontrado. Do ponto de vista de suas características formais, constatou-se que se trata de um documento autêntico à sua época, taquigrafado por seu signatário com uma escrita bastante coloquial. Constatou-se a existência de escritas apócrifas ao texto original no lado da frente da folha: do lado direito uma operação matemática* de somar e do esquerdo, riscos formando um desenho geométrico. Verificou-se que essas intervenções não possuem relação com o conteúdo e nem foram feitas por seu autor. Para verificar a autenticidade de suas informações, foi feita ampla pesquisa nos livros de Registro de Requerimentos da Prefeitura e nada foi encontrado nos mesmos que indicassem a entrada de Requerimento solicitando registro do referido Clube. A pesquisa se estendeu à legislação municipal e nada foi localizado que pudesse demonstrar a concretização do solicitado no bilhete. Da mesma forma, nada foi localizado nos arquivos da Câmara Municipal e nos Cartórios de Registro de Notas.  
O passo seguinte foi levar a informação à comunidade e verificar se havia correspondência entre o escrito no bilhete e a memória da comunidade.
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­            A busca por referências que pudessem comprovar de alguma maneira o conteúdo do bilhete começou por conversas com pessoas mais antigas que iam indicando outras pessoas, até chegarmos a Geraldo Magela, jogador do São Caetanense, que é citado no bilhete como sendo capitão do time, em 1963. Não foi difícil, até as coincidências foram muito favoráveis. O fato de a cidade ser pequena, também, ajuda muito.


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*Nota: Entender a operação matemática ali inserida, certamente pelo mesmo autor do desenho geométrico, foi um caso a parte. Observada a estrutura da operação e seus resultados, deduziu-se ser uma operação de multiplicar 8318x2=16636, seguida de uma operação de somar 16636+8318=99816, resultado correto. Mas e o risco depois do algarismo 8 do numerador! Será o número 1? Mas, se for o número 1, ele não faz sentido na operação, então deve ser um risco de marcação qualquer, por exemplo, marcar o “vai um” da multiplicação 2x8. Porém veio a pergunta, por que o autor não multiplicou 3X8318, logo de uma vez, visto que o resultado seria o mesmo? Pensei, poderia ter sido uma criança ou alguém treinando fazer contas. Mas, fiquei surpreso quando percebi que o resultado 99816, mostrado na operação é muito superior a 3x8318 que é igual a 24954. A conta começou a se tornar um mistério. Pensei então que o risco depois do 8 do numerador, realmente poderia ser o número 1, mas, só que do multiplicador. Então 21 seria o número do multiplicador. Só que 21x8318=174678. Então usei o caminho inverso da multiplicação para saber, afinal, que número misterioso havia no multiplicador. Para tal, dividi 99816 por 8318 e o resultado foi 12. Então, o risco depois do 8 do numerador é o 1 do numero 12 do multiplicador. Então, 12x8318=99816. Agora, por que ele colocou o número 1 do multiplicador naquela posição, não sei.


DADOS LEVANTRADOS NA PESQUISA
Diretoria antiga

Diretor João Marom
Possuiu casa à Rua dos Munsús. [Livro de IPTU Mon. Horta fl 75]
OBS: Jadir Macedo també possuiu casa na Rua dos Munsus.
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Presidente Agostinho Ventura.
Possuiu casa à Rua da Praia. [Livro de IPTU Mon. Horta fl 45]
Hoje Rua Raimundo de Assis Ventura
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Tesoureiro João Luiz Macedo 1º Secretário
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Vice  Abel Pascoal
Falecido. Possuiu casa à Rua das Formigas. [Livro de IPTU Mon. Horta fl 1]
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Tesoureiro Antonio Godoy
Falecido
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Atual Diretoria

Diretor Nilson de Godoi
Falecido. Possuiu casa à Rua do Pastinho. Transferida a João Henrique de Miranda Filho que vendeu a Vicente Hilário. Hoje Rua Raimundo de Assis Ventura. [Livro de IPTU Mon. Horta fl ]
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Presidente Geraldo Salomé
Encontrei família Salomé morando na rua das Formigas. [Livro de IPTU Mon. Horta fl 34]
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Vic
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Tesoureiro
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Treinador João Gualberto Machado
Possuiu casa à Rua de Baixo, hoje Rua Bruno Ramos. [Livro de IPTU Mon. Horta fl 193]
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Capitão Geraldo Mangela
Ainda vivo. Ferroviário aposentado. Residente a Rua Beira Linha, 132, distrito de Bandeirantes, Mariana. Nascido em Monsenhor Horta, em 1939, casou-se em abril de 1962, época em que jogava no São Caetanense. Irmão de Raimundo Ventura Neto e Caetano Ventura, também vivos e jogadores do mesmo time. São filhos de Agostinho Ventura da velha diretoria???
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João Ladislau da Silva
Autor do bilhete. Foi presidente da Conferência São Vicente de Paula. Tocava na banda. Vulgo João Padaria.
ENTREVISTAS COLETADAS
Efigênia Aparecida da Silva Paulino, moradora em Mariana à Rua Salomão Ibrahim. Em 05/06/2009.
João Nicolau de Castro, morador na rua ........... zelador da Igreja de Nossa senhora do Carmo em Mariana. Em 05/06/2009.
Informa que João Nicolau de Castro, João Ventura, vulgo João Broca, já falecido, foi um grande jogador do São Caetanense. Informou também que seu pai também foi jogador do mesmo time.
Gaida. Em 05/06/2009.
Antonio Pacheco, morador à rua Dom Silvério, membro da Ordem 3ª de São Francisco de Assis. Em 05/06/2009.
Informa que o zelador da Igreja do Carmo mora na Mangueira.
Geraldo Magela, aposentado. Residente a Rua Beira Linha, 132, distrito de Bandeirantes, Mariana. Tel. 3556-4181
Quando indagado sobre o fato de ter sido capitão do time, ele respondeu não ter lembrança. Perguntado se lembrava das pessoas ali mencionadas, respondeu ter conhecido e que estavam todos falecidos. Não tem fotografia do clube, não se lembra do uniforme.
Maria Auxiliadora Ventura Braga
Entrevistado em 06/06/2009. Residente à rua Raimundo de Assis Ventura, n. 260, distrito de Mon. Horta. Tel. 3557-7073 ou 8432-4439. Nascida em 1949 e completará 60 anos.
Informou que:
Nilson de Godoi era sapateiro; Geraldo Salomé, vulgo Xodó era dono do botequim da praça; Joâo  Gualberto Machado, vulgo Tilico, trabalhava na medição de carvão na estação; Geraldo Magela, foi agente da estação em Ribeirão do Carmo; Abel Pascoal manobrador da Rede Ferroviária; Agostinho Ventura, meu tio, irmão do meu avô Raimundo de Assis Ventura; João Morrom não; João Luis Macedo não; Antonio Godoi não;
Sara Feliciano Salomé
Entrevistado em 06/06/2009. Residente à rua Benigno Hildefonso Correa, 16 (ainda r. Alexandre Alves ou r. da Praça – nomes antigos). Tel. 9916-7349.
Filha de Geraldo Salomé.


O Sítio do Morro


SÉRIE PATRIMÔNIO DESCONHECIDO

O SÍTIO DO MORRO
José Geraldo Begname
Historiador

Após uma caminhada curta de cerca de quarenta minutos, no alto de uma colina em meio à mata, descortina-se uma velha capela. A sensação é de surpresa, como se tivesse descoberto algo perdido no tempo, embora o local seja bastante conhecido pelas pessoas da comunidade, como pude constatar. Para muitos, motivo de orgulho, pois, é um símbolo de um passado próspero.  Localizada a cerca de 3 km de Banto Rodrigues, as ruínas do Morro do Fraga fica em uma área particular de propriedade da mineradora Vale. No século XIX seus proprietários chamavam-no “Sítio do Morro”. No século XX a fazenda foi abandonada e dela restam apenas ruínas de muros de pedra e de uma bela capela chamada pelos moradores da região de capela do Pe. Fraga. Entretanto, as evidências da antiguidade do lugar podem ser observadas bem antes, pois, já na subida em direção às ruínas fica evidente que estamos acompanhando um antigo caminho e em boa parte utilizando-se do mesmo. Muros de contenção, serviço de canalização de água pluvial, calçamento do piso em alguns trechos e seu traçado nos dá a certeza de ter sido uma estrada carroçável que saia de Bento Rodrigues e seguia em direção ao Sítio do Morro. Relatos de época testemunham que este caminho continuava até Santa Rita Durão, na época, arraial do Inficionado.
A capela, como pode ser vista na foto, já foi engolida pela mata, mas suas paredes resistem ao tempo e estão bastante conservadas. Há inúmeras peças em cantaria caídas no seu interior, certamente partes do arco-cruzeiro e cimalhas, lavabo, entre outras peças. Já existe evidência de saque ao local, pois, os portais e suas arquitraves foram retirados intencionalmente. Seu partido arquitetônico segue os mesmos traços das tantas capelas coloniais mineiras: fachada composta de uma porta central, duas janelas laterais, frontão triangular com um óculo ao centro. Seu tamanho, os materiais empregados na construção e as técnicas construtivas revelam o empenho com trabalho e capital necessários a sua construção. Observa-se também que sua edificação se deu aos poucos, pois, a capela teve sua origem no século XVIII, mas, identificamos materiais empregados na sua construção próprios do século XIX, como é o caso do uso de tijolos queimados. É bastante provável que a capela que vemos não é a que foi originalmente construída, mas, o resultado de sucessivas intervenções e acrescentamentos, o que é bastante comum. Entretanto, não é comum encontrarmos capelas particulares com tais dimensões e que nos mostra a importância econômica da fazenda, cuja atividade predominante deveria ser a mineração de ouro.
Durante o século XIX, como esgotamento das minas de ouro, muitos proprietários preferiram arrendar suas terras a Companhias mineradoras que possuíam capitais, equipamentos e técnicas necessárias à continuidade das explorações. Foi neste contexto que várias companhias inglesas se instalaram na região. É ao longo do século XIX e primeira metade do XX é que se despontou um novo mercado para os inúmeros depósitos ferríferos existentes nessas montanhas. É de 1815 a primeira fundição mineira: a usina do Morro do Pilar, outras surgiram em Congonhas do Campo, Caeté, entre outras. Mas a concorrência do ferro importado da Inglaterra, não permitia a expansão da fundição. A criação da Escola de Minas em 1876 foi um reforço à siderurgia passando a formar engenheiros de minas, metalurgistas e geólogos. Com esta guinada na atividade mineradora, dando a ela um caráter essencialmente industrial, muitos fazendeiros, herdeiros das exauridas lavras auríferas, renderam-se às ofertas de compra ou arrendamento por parte dessas novas mineradoras. Desta fora, as fazendas ficavam abandonadas entrando em ruínas.  
É o que aconteceu com o “Sítio do Morro”, conhecido pelos moradores de Bento Rodrigues como “Morro do Fraga”. Até por volta de 1914, sabe-se, pelas pesquisas feitas que esteve em poder da mesma família, herdeiros do primeiro proprietário o Cap. Estevão Gonçalves Fraga. Ao falecer em 1803, a fazenda passou para seu sobrinho o Pe. Domingos Pereira Fraga. Este, por sua vez, veio a falecer em 1831 e a deixou para sua única filha Maria Cândida Pereira, fruto de uma relação ilícita, nascida em Queluz, hoje, Conselheiro Lafaiete. Esta, por sua vez, a deixou sua única filha, Maria da Conceição Souza, casada com Raimundo José da Silva, residentes em Camargos. Em 1914, o casal herdeiro anunciava o interesse em arrendar a fazenda para companhias mineradoras. Pelas informações oferecidas pelo casal, deduz-se que a fazenda já estava sem atividades. Chega ao fim a saga do Sítio do Morro.
Mas, e a capela em questão? O que foi possível apurar é que se trata de uma ermida particular, construída pelo Cap. Estevão, ainda no séc, XVIII. Apenas dois documentos informaram sobre a mesma: dois relatórios das visitas feitas pelos bispos diocesanos D. Frei Cipriano de São José, no inverno de 1801 e D. Frei José da Santíssima Trindade, na primavera de 1821. Nos testamentos e inventários dos proprietários da fazenda, nada é informado sobre a mesma, o que é estranho, pois, por ser uma capela particular, era um bem de valor econômico e deveria estar arrolada no inventário. Talvez, seus proprietários entendessem que não seria justo pagar imposto ao Estado sobre um bem de uso religioso, preferindo sonegá-la ao inventário.
É certo que pelas características da capela, ali foi um lugar de grande importância na vida religiosa e social dos moradores da redondeza. Mesmo abandonado, o lugar ainda continua vivo na memória do povo de Bento Rodrigues.

Pe. Fraga e O Sítio do Morro
Padre Fraga foi o principal proprietário do Sítio, certamente teve uma importância grande na região, pois, foi seu nome que se consagrou como referência do lugar na memória coletiva do povo da região, mesmo tendo falecido há tanto tempo, em 1831. Foi ele o portal de entrada para o passado daquele lugar enigmático e esquecido no tempo. Seu nome nos levou a diversos tempos e lugares e nos apresentou um tanto de outras pessoas de sua época. As pesquisas preliminares confirmaram sua presença na paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Inficionado e que nela exerceu a maior parte de seu ministério. Parece ter ele preferido ficar próximo a seus familiares aqui na colônia, vários deles, entre tios, sobrinhos, moravam na freguesia do Inficionado. Pe. Fraga nasceu no dia nove de maio de 1755, em Portugal, em um lugar chamado Teixeigueiras, freguesia de Santo André do Rio Douro. Lá deixou seus pais e veio para o Brasil, provavelmente, acompanhando seu tio materno Estevão Gonçalves Fraga, com quem sempre morou.
Foi o Cap. Estevão quem doou, em 1776, uma sesmaria para constituição do seu patrimônio para sua ordenação sacerdotal. Era uma sesmaria de terras situada no rio Turvo do Piracicaba com dois escravos, casa de vivenda, paiol e engenho, fazendo divisa com a fazenda Cata Preta, localizado na freguesia do Inficionado. Ao que tudo indica contígua à propriedade do próprio Cap. Estevão. Padre Domingos Pereira Fraga faleceu no dia 29 de outubro de 1831, em Bento Rodrigues. Entre as propriedades arroladas em seu testamento e inventário, esperava-se encontrar informações sobre a capela existente no sítio do Morro, contudo, a única terra declarada foi a sesmaria recebida de seu tio, claro, com outras tantas benfeitorias a mais, perecia ser um proprietário zeloso. Entretanto, Pe. Fraga em 1803, por ocasião da morte de seu tio, ficou herdeiro de todos os seus bens, incluindo a fazenda. Como as informações do inventário são parcas, não foi possível saber se nas terras descritas no inventário em 1831, estão acrescidas as herdadas do tio em 1803.  O fato é que ambos informam por ocasião de suas mortes que são moradores no Sítio do Morro.  O mais curioso é que sobre a capela não há nenhuma informação em nenhum desses documentos pesquisados.  Raras informações foram encontradas nos relatórios das visitas episcopais realizadas pelos bispos de Mariana D. Frei Cipriano de São José, no inverno de 1801 e D. Frei José da Santíssima Trindade, na primavera de 1821.
Na visita de 1801, o bispo e sua comitiva passaram por Camargos, Bento Rodrigues até chegarem ao Inficionado. Em visitação à Matriz deste último, seu secretário informa que entre as ermidas existentes na paróquia está a do Capitão Estevão Gonçalves Fraga. Surge então, as primeiras referências à capela engolida pela mata. Na visita de 1821, passados 20 anos, o bispo D. Frei José da Santíssima Trindade percorrendo o mesmo trajeto da visita de 1801, apenas informa que passou pela ermida do Pe. Fraga e que na volta, nela pernoitou.
Com a morte de Pe. Fraga, a propriedade foi herdada por sua filha Maria Cândida casada com o Capitão José de Souza Cunha. No processo matrimonial do casal, ele é filho natural de Joana Maria de Souza, parda forra, nascido em Camargos e ela nascida em Queluz, hoje Conselheiro Lafaiete, não havendo informações de sua naturalidade ou filiação, certamente por conveniência. Eles se casaram em 1822, mas em 1821 ela já residia em Bento Rodrigues e aparece como madrinha em dois batizados, sendo um deles, acompanhada do Pe. Fraga como padrinho, ou seja, pai e filha. Ao que parece, mantinham de fato uma relação paternal reconhecida por todos.  Aos 66 anos parecia não haver mais motivo para esconder tal fato e solicitou ao imperador uma carta de reconhecimento da paternidade da filha Maria Cândida. É neste documento que encontramos citados alguns parentes do Pe. Fraga como o irmão Manoel Pereira Lages, e dois sobrinhos folhos de Manoel: Francisco Pereira Fraga e Domingos José Pereira Fraga. Em seu testamento deixa sua herança para a única filha, fruto da fragilidade humana, de uma relação ilícita com Maria Ignacia, mulher solteira.

Transcorrido o século XIX, a propriedade permaneceu na família e foi herdada pela filha do casal, neta do Pe. Fraga, Maria da Conceição Souza, casado com José Raimundo da Silva. Em 1914 encontravam-se morando em Camargos e tudo indica que foi a partir dessa época que o lugar foi abandonado, pois, seus herdeiros colocaram as lavras do Morro do Fraga a disposição de interessados em aliená-las para mineração. Foi o que aconteceu com a maioria dos proprietários de lavras daquela região que acabaram por arrendar ou vender suas terras para empresas mineradoras, sobretudo, inglesas.

De fato, poucas informações foram encontradas sobre a capela do Fraga, mas as pesquisas estão em aberto e novas incursões aos arquivos certamente trariam novidades.